Vai ter uma hora que vamos rir de nossas lembranças, que vamos chorar vendo fotos e ligar desesperadas uma para outra pra dizer o quanto queríamos poder estar juntas nesse momento. Vai ter um momento em que olharemos para um grupo de amigas e nos veremos nelas e então lembraremos o quanto aprontávamos quando estávamos juntas. E antes de dormir iremos relembrar as noites depois das festas conversando sobre o acontecido. Na sala de aula da faculdade lembraremos-nos do quanto riamos sem motivos aparente e as broncas dos professores. E um dia olharemos para nossos filhos e desejaremos que encontre amigos que realmente os fazem felizes, como nós nos encontramos.

Ela sempre se sentiu só. Mesmo rodeada de seus amigos e familiares. Sobre a mesinha do seu quarto livros que lhe faziam sonhar. Na estante CDs e DVDs que lhe traziam boas recordações. Mas tudo que ela sempre quis entender é porque sentia aquilo há tanto tempo. Por que o vazio a incomodava tanto, pra ela não fazia sentido. Tinha amigos maravilhosos e uma família linda, mas ela sabia que faltava alguma coisa, só não sabia o quê.

No meio das festas, das comidas, das árvores de natais, dos piscas-piscas, dos presentes algumas pessoas esquecem do verdadeiro espirito do natal. A vaidade toma conta das pessoas e superficialidade toma conta de suas faces. Muitas vezes vemos casais abraçados em uma praça, uma casa cheia de familiares que nessa data juntam-se para celebrar, mas que muitas vezes esquecem da solidariedade para com os mais distantes e vivem apenas em seus mundinhos. Natal é muito mais do que festas, é o tempo em que as pessoas podem se redimir sem culpa e mostrar que realmente se importam com os outros.

Procurando rastros de um passado não tão distante encontrei uma simples caixinha, velha e suja. Dentro reencontrei algumas fotos, rostos vazios ,que de alguns já nem lembro mais; algumas cartas velhas; presentes que já nem sei mais quem deu e amigos que se perderam ao longo do tempo. Então comecei a chorar e percebi o que tinha feito da minha vida. As pessoas que mais amava, deixei de lado. A família que tinha perdi pelas mentiras e mergulhei no mundo que parecia meu, mas que no final não era de ninguém. Hoje olho para o espelho e já não reconheço quem sou. As pessoas, as músicas, as festas, as risadas, os amigos, as famílias, a minha vida, hoje já não fazem muito sentido pra mim. E eu me encontro no apartamento de 4 paredes, sufocando em meus gritos e solidão e o resto? Hoje eu digo que se dane, como um dia eu não me importei e acabei me fucking.

Deveria existir um tipo de alarme, aviso, sinetas antes das pessoas nos machucarem ou então, simplesmente as pessoas poderiam ter consciência de que machucar outras pessoas, só causa estragos. Imagine quanto sofrimento, quanto suicídio, quanta dor seria evitada. Quantas e quantas vezes veríamos pessoas sorrindo, superando, seguindo em frente e não voltando ao passado ou morrendo. Quanto a gente se decepciona e muitas vezes, na maioria, são as pessoas que mais amamos, que nos fazem sofrer. Às vezes penso que não houvesse sofrimento, pelo menos desse tipo, talvez seja o que mais machuca, o que mais deixa vestígios que e que o tempo tem dificuldade apagar.